Edgard Abbehusen: filme ‘É Assim que Acaba’ trai a história contada no livro
Aviso: Esta crítica contém spoilers importantes sobre o enredo de “É Assim que Acaba”. Se você ainda não assistiu ao filme ou não leu o livro e prefere evitar detalhes cruciais da trama, recomendo que prossiga com cautela.
Se “É Assim que Acaba” tenta ser uma adaptação fiel de uma obra literária carregada de emoção e complexidade, o resultado final é uma tentativa frustrada, que se perde nas boas intenções, mas naufraga na execução.
Comecemos pela escolha dos atores, que, à primeira vista, não é o problema central da adaptação. A decisão de escalar uma atriz mais velha para um papel que lida com questões de abuso e assédio é uma escolha ousada e, em teoria, poderia trazer uma nova camada de profundidade ao personagem. No entanto, a questão não está na idade dos atores, mas na maneira como as personagens foram desenvolvidas — ou melhor, subdesenvolvidas. As nuances e a complexidade que fazem de Lily Bloom uma personagem cativante no livro simplesmente não se traduzem na tela. O filme opta por um tratamento superficial, que falha em capturar a essência de quem Lily realmente é.
O ritmo do filme é outro ponto que merece severas críticas. Adaptar um livro para o cinema sempre exige escolhas difíceis, mas aqui, essas escolhas parecem ter sido feitas com um desprezo quase negligente pelo que faz a história funcionar. Pequenos detalhes que no livro são fundamentais para a construção dos personagens e da narrativa foram deixados de lado ou reduzidos a meras referências. As cartas de Lily a Ellen DeGeneres, que no livro funcionam como um espelho de sua alma, foram praticamente descartadas. E assim, o filme perde a oportunidade de estabelecer uma conexão entre a protagonista e o público.
Mas o mais gritante é a mudança na personalidade de Lily Bloom. No livro, Lily é uma personagem complexa, cheia de conflitos internos e profundidade emocional. No filme, essa complexidade é diluída, e o que resta é uma versão amenizada e genérica, que não faz jus à personagem original. E quando se trata de Ryle, o filme comete um erro imperdoável: ao omitir o estupro, que é um ponto crucial na narrativa do livro, o filme não só falha em transmitir a gravidade da situação, mas também enfraquece a trama, prejudicando qualquer tentativa de explorar o impacto desse evento em uma possível continuação.
Além disso, o filme deixa o público, especialmente aqueles que não leram o livro, com mais perguntas do que respostas. A omissão de detalhes cruciais, como a real natureza do incidente na escada, deixa a narrativa confusa e incompleta. O espectador é deixado no escuro, sem saber se o que aconteceu foi um acidente ou algo mais sinistro, uma falha narrativa que é simplesmente inaceitável.
“É Assim que Acaba” é uma adaptação que falha em capturar o espírito do livro. Para aqueles que não leram a obra original, pode até ser uma experiência passável, embora confusa em certos momentos. Mas para os leitores, é uma decepção profunda. A adaptação não só altera a essência dos personagens, como também omite e minimiza eventos cruciais, comprometendo a integridade da história. Minha recomendação? Veja o filme primeiro, mas não deixe de ler o livro depois. Só assim será possível entender o que realmente foi perdido nessa transição do papel para a tela.
Eu concordo que o filme tem outros personagens! São mais rasos mesmo!
Isoladamente, acho que o filme funciona, os fãs de CoHo até vão gostar, mas não se compara ao livro! E Lily no filme chega a ser até meio bocó.
Bom, é bem difícil conseguir colocar em um filme tudo aquilo que o livro traz, são muito detalhes.
O livro é extremamente detalhista, então seria bem complicado colocar tudo isso em um filme, seria muito longo.
Quanto à questão do estupro, de fato com a Lily não ocorreu e tenho em mente que algumas questões não foram colocadas no filme, por isso acabaria por elevar a idade para se assistir e seria algo bem pesado.
O filme poderia ter tido mais? Poderia! Mas ainda assim, eu gostei de ver o livro tomando forma real. Pra mim o de todos os personagens, o mais parecido com o livro na vida adulta é o Atlas.
Como uma fã do livro, pela maneira como foi escrito, me decepcionei com o filme. Esperei muito mais.
Um filme é muito difícil de capturar a verdadeira essência do livro. Mas pra mim foi uma ótima adaptação.
Acredito que as cartas para Ellen foram retiradas tendo em vista que an Ellen está cancelada por denúncias de assédio, e racismo nos bastidores do programa dela.
Em relação ao estupro, não teve estupro no livro. Ele vai pra cima dela e depois para.
Em relação as cenas de violência acredito q elas foram feitas exatamente do modo que lily retrata inicialmente, ela sempre ficava na dúvida do que ocorreu. Então várias cenas foram feitas de modo a deixar a pessoa que tava assistindo na dúvida do que ocorreu. Posteriormente quando lily no filme se toca que era agressão aparece o flash Back com as cenas completas em que fica claro que eram realmente agressões.
Concordo em tudo. Li o livro primeiro e corri pro filme. Me decepcionei. O livro mostra uma Lily generosa, apaixonada pelo marido, em conflito com a decisão de deixá-lo e de identificar a agressão. Uma Lili que passou a gestação toda em dúvida de continuar ou não com o marido abusador. Um marido que – assim como tantos outros – agrediu a mulher mas vivia em constante tentativas de fazê-la acreditar que ele poderia mudar. A ponto de deixar até a gente torcendo por eles em algum momento.
Senti falta de um Atlas mais intenso e completamente apaixonado e devoto a Lily. Senti falta de um monte de detalhes. O filme precisaria de mais uns 30 minutos rsrsr
Bom, não li o livro mas minha filha leu e foi quem me induziu a assistir. Achei necessario aos tempos que estamos vivendo. Achei que algumas cê as deixaram a desejar incompletas ficamos perdidos do que realmente aconteceu. Resumindo vou ler o livro pra compriender melhor.
Primeira crítica sensata que leio sobre o filme . Se preocuparam tanto com algumas questões e esqueceram da essência da história.
O filme foi raso e bagunçado.
Mas quando vi a classificação do filme já tive uma desconfiança do que viria.
Parabéns pela crítica.