Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos: Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia
Uma celebração de fé, resistência e história reconhecida oficialmente pelo Estado
A Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, uma das mais importantes celebrações religiosas da Bahia, acaba de ser declarada Patrimônio Cultural Imaterial do estado. O reconhecimento oficial foi feito pelo governo baiano, por meio da Secretaria de Cultura (Secult-BA), e reforça o valor histórico e cultural dessa tradição centenária. O decreto foi assinado pelo governador e publicado no Diário Oficial no dia 19, com a entrega do título acontecendo durante uma missa festiva na Igreja do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, no domingo, dia 20.
O secretário de Cultura, Bruno Monteiro, celebrou o momento, destacando a importância de manter viva essa tradição que une fé e resistência. “Ao reconhecer a Festa do Rosário como patrimônio, estamos garantindo que essa história será preservada e passada para as futuras gerações”, afirmou. Essa patrimonialização visa manter a celebração ativa por muitos anos, permitindo que todos possam conhecer o legado de fé e resistência que ela carrega.
Preservando séculos de história e resistência
O pedido de reconhecimento foi realizado pela Irmandade do Rosário dos Pretos, e o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) conduziu os estudos necessários para a aprovação do Conselho Estadual de Cultura. A partir de agora, a festa faz parte do Livro do Registro Especial dos Eventos e Celebrações, consolidando ainda mais sua relevância.
Para Marcelo Lemos, diretor-geral do IPAC, a inclusão da festa no patrimônio imaterial é também uma forma de reparação histórica. “Desde o século XVII, a Irmandade Rosário dos Pretos tem sido um local de acolhimento para os escravizados e seus descendentes, mantendo viva uma tradição que hoje é essencial para a identidade baiana. Esse reconhecimento vai além da preservação, é uma reafirmação do papel dessa Irmandade em nossa história”.
Tradição viva e renovada pela fé
A Festa de Nossa Senhora do Rosário acontece desde 1820 e inclui momentos de grande devoção, como a missa cantada, sermão, exposição do Santíssimo Sacramento e uma procissão solene que percorre as ruas do Centro Histórico de Salvador. O padre Lázaro Muniz, capelão da Igreja do Rosário dos Pretos, comemorou o reconhecimento, afirmando que isso reforça a importância de manter viva essa tradição secular. “Esse ato nos motiva a seguir honrando o legado que nos foi deixado pelos nossos antepassados”, destacou.
A patrimonialização da Festa do Rosário é um marco que fortalece o vínculo entre a fé e a identidade cultural baiana, trazendo um novo fôlego para a continuidade dessa rica celebração que tem resistido ao tempo e à história.