Pesquisa alavancada na Bahia chega à Bienal de São Paulo e à Pinacoteca
A artista Juliana dos Santos estreia de forma simultânea em dois dos principais palcos da arte contemporânea brasileira. Ela participa da abertura da 36ª Bienal de São Paulo, no dia 6 de setembro, e apresenta a mostra “Temporã” na Pinacoteca.
O eixo central de sua pesquisa é o uso da flor azul Clitoria ternatea como pigmento natural. Com ela, Juliana produz pinturas em grande escala em que a cor se transforma com o tempo, criando superfícies instáveis e sujeitas à ação da luz e do ambiente. Essa imprevisibilidade é parte do trabalho, que associa o processo material a reflexões sobre vida, memória e passagem do tempo.A investigação começou a ganhar escala em 2021, durante a residência Vila Sul, no Goethe-Institut Salvador-Bahia. Ali, Juliana experimentou pela primeira vez a técnica em dimensão ampliada, pintando dez metros de papel, e estabeleceu contato com agricultores de São Félix, que seguem cultivando as flores utilizadas em suas obras.

“Estou muito feliz em fazer parte da 36ª Bienal e ter também minha exposição individual Temporã na Pinacoteca. São duas oportunidades de levar a pesquisa adiante. A flor da Clitoria ternatea é a condutora do meu trabalho e, desde o encontro em São Félix, ela se tornou parte de tudo o que desenvolvo”, afirma a artista.
Para Leonel Henckes, diretor de operações da residência Vila Sul, a trajetória de Juliana mostra como esses programas afetam a formação de um percurso artístico. “A residência é um espaço de risco e experimentação. Foi em Salvador que ela conseguiu testar a técnica em escala inédita e consolidar relações que ainda sustentam sua produção. Hoje, esse trabalho ganha visibilidade nacional”, observa.
A exposição “Temporã” segue em cartaz no Pina Contemporânea até fevereiro de 2026. Já a 36ª Bienal de São Paulo abre ao público em 6 de setembro, reunindo artistas do Brasil e de outros países.