Volta Por Cima é leve, é divertida e, acima de tudo, entrega qualidade

Chegamos ao capítulo 100 de Volta Por Cima, e é impossível não destacar o sucesso dessa novela, que tem mantido o público cativado desde o primeiro episódio. A trama, escrita por Claudia Souto, tem ritmo, tem história e personagens bem construídos para contar essa narrativa. Nada ali é superficial ou deixado ao acaso.

A sensibilidade que cada personagem carrega é um dos grandes trunfos da narrativa. Madá (Jéssica Ellen), a protagonista, consegue ser forte sem perder a delicadeza. Jão (Fabrício Boliveira) é um mocinho forte, longe de clichês. Já Chico (Amaury Lorenzo) me incomodou um pouco no início — muito parecido com o personagem que Lorenzo interpretou em Terra e Paixão. Mas, com o passar dos episódios, ele ganhou camadas e encontrou o tom certo.

Mesmo os vilões fogem de estereótipos. Claudia Souto conseguiu dar uma complexidade tão grande a esses personagens que sentimos amor e ódio por eles ao mesmo tempo. Além disso, a novela oferece uma representação marcante do universo da contravenção, inspirado no documentário Vale o Escrito (Globoplay). Para quem viu o doc, a novela ganha ainda mais nuances.

Um destaque especial é a história da suburbana Tati (Bia Santana), apaixonada pelo ator Jin (Allan Jeon), claramente inspirado em personagens de k-dramas (produções sul-coreanas). No início, parecia estranho, mas, com o desenrolar da trama, a história se encaixou, e acabamos nos acostumando.

Outro ponto alto é a imprevisibilidade da trama. Claudia Souto tem o dom de nos surpreender. Nada é previsível; as atitudes dos personagens fogem do óbvio. Além disso, Volta Por Cima tem abordado temas relevantes, como o uso de anabolizantes e questões relacionadas à saúde mental.

Preciso destacar duas atuações: Fábio Lago, como o mordomo rico Sebastião, está impecável. É até difícil lembrar do terrível Venâncio, da primeira fase de Renascer. E os amigos inseparáveis Roxelle (Isadora Cruz) e Gigi (Rodrigo Fagundes) trazem o alívio cômico na medida certa. A parceria dos dois é tão divertida que já dá vontade de uma série com eles… Alô, Globoplay!

Porém, o grande destaque de Volta Por Cima está nos protagonistas. Madá e Jão são inteligentes, fortes e fogem do lugar-comum. Eles não são ingênuos, impulsivos ou presos ao marasmo que tantos mocinhos de outras novelas têm apresentado. Eles se destacam e fazem jus ao papel central.

Volta Por Cima é uma novela que tem cara de novela, jeito de novela e nunca subestima a inteligência do telespectador. Isso é raro, especialmente no horário das 19h. E a trilha sonora é um espetáculo à parte! Cada música parece escolhida a dedo para intensificar a emoção das cenas. Claudia Souto e sua equipe estão de parabéns por nos entregar uma novela que é pura diversão, mas também nos faz pensar e sentir.

Capítulo 100 concluído com sucesso.

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